Filipa Dias - Consultoria de Envelhecimento

Setembro 30, 2025

O seu familiar com demência recusa ir ao médico? 5 estratégias práticas

Tempo de Leitura: 3 minutos

Hoje vou mostrar como lidar com a resistência a ir ao médico sem os confrontos habituais.

Este é um momento que desgasta muitas famílias.

Quando não se entende que a recusa médica é uma reação emocional, tenta-se resolver com insistência. Mas a insistência, neste caso, só piora tudo.

A maioria das pessoas tenta fazer o que sempre resultou: explicar a importância, falar dos riscos e insistir “que tem de ser”.

Dificilmente resultará.

Porque o que está em causa não é a lógica de que “tem de se ir ao médico”, é o medo do que se vai descobrir. Muitas vezes, a pessoa já se apercebeu das suas dificuldades antes de todos à sua volta.

A recusa em ir ao médico não é teimosia. É, muitas vezes, autoproteção.

Aqui está o que recomendo às famílias com quem trabalho:

1. Torne a consulta “sua”

“Pai, tenho uma consulta médica e gostava da sua companhia. Estou com um bocadinho de receio… podes vir comigo para eu não ir sozinha?”​

Mas atenção: nunca fale dos sintomas na presença da pessoa. Escreva num papel e entregue discretamente ao médico, ou telefone antes da consulta – ele conduzirá a conversa naturalmente.

2. Use a estratégia da visita comunitária

“O centro de saúde está a fazer visitas de rotina a todas as pessoas com mais de 65 anos. Vêm cá a casa na quinta-feira medir a tensão.”​

Pode também recorrer ao médico particular ao domicílio, apresentando como uma especialidade mais bem aceite.

3. Experimente a teleconsulta

“Estou a falar com um amigo por videochamada. Mãe, venha cá conhecer.”

Às vezes, o primeiro contacto informal abre caminho para consultas presenciais.

4. Escolha um foco positivo

Em vez de apresentar a ida ao médico como consequência de um problema, enquadre-a como oportunidade de reforço da saúde:

​“Marcaram-me uma consulta para confirmar que está tudo bem com a tensão e o coração. É de rotina"​

A pessoa sente que vai para confirmar o que está bem, e não porque está doente. Esta abordagem reduz a ansiedade e evita a perceção de perda de controlo.

5. Transforme em experiência social

Agende a consulta próxima de algo que seja prazeroso ou familiar:

​“Depois da consulta, vamos almoçar naquele restaurante... sabe? Onde se comem aquelas pataniscas...”​

Associar o momento médico a uma recompensa concreta e dar mais enfoque ao almoço do que à consulta, reduz a resistência.

Estas estratégias podem parecer desajustadas, em alguns contextos.

Pode até dar a sensação de que nunca iriam resultar com o seu familiar, mas eu posso-lhe garantir que, muitas vezes, é mais o seu receio de tentar do que a resistência do seu familiar.

Experimente, aja com naturalidade.

E se nenhuma destas estratégias resultar, fale connosco.

Não cabem todas num e-mail, mas existem muitas mais.

Um abraço,
Filipa

Filipa da Fonseca Dias - Consultoria de Envelhecimento, Lda - Todas os direitos reservados.


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