Filipa Dias - Consultoria de Envelhecimento

Agosto 19, 2025

O seu familiar com demência repete mil vezes a mesma pergunta? 6 estratégias práticas que pode aplicar já hoje

Tempo de Leitura: 2 minutos

Hoje vou mostrar-lhe como responder às perguntas repetitivas do seu familiar idoso com demência sem perder a paciência nem a sua sanidade mental.

Este é um comportamento que desgasta muitos familiares cuidadores.


"Que horas são?"

"Já almoçámos?"

"Quando vem a Maria?"


A tendência natural é perder a paciência. "Já lhe disse isso mil vezes."

Mas essa reação só aumenta a ansiedade.

Exigir que uma pessoa com demência se lembre da pergunta que fez há 5 minutos, é o mesmo que esperar que alguém sem pernas corra a maratona.

A primeira coisa a fazer é pensar: "Qual a preocupação por trás desta pergunta?", "O que estará a sentir o meu familiar?".

Quando pergunta as horas vezes sem conta, provavelmente não quer apenas saber que horas são.

Está à espera de que algo aconteça entretanto. Entender isto, é a chave.

Aqui ficam 6 estratégias que já implementámos com sucesso junto das famílias com quem trabalhamos:

1 - Valide o sentimento escondido na pergunta

Mais importante do que a resposta literal é mostrar que entende a preocupação. "Compreendo que esteja ansioso por saber a que horas a Maria chega. É normal querer confirmar."

2. Responda sempre como se fosse a primeira vez

A memória recente está afetada. Para si é repetição, para a pessoa é novidade. A sua calma evita frustração dos dois lados.

3. Use pistas visuais para reforçar a informação

Quadros com perguntas e respostas frequentes, relógios grandes ou calendários visíveis reduzem a necessidade de perguntar. Em vez de repetir, aponte: "Veja aqui no quadro, a Maria chega às 15h."

4. Responda e redirecione logo de seguida

Depois de responder, desvie a atenção para algo positivo. "Sim, já almoçámos. Quer ajudar-me a arrumar a mesa agora?"

Se não resultar, mude a via de estímulo: uma fotografia, uma canção ou um objeto com significado.

5. Nunca ignore a pergunta

Não responder ou fingir que não ouviu não resolve. Imagine-se a fazer uma pergunta vezes sem conta sem obter resposta. Como se iria sentir? Para quem vive com demência é igual. Perguntar é sinal de que precisa de saber.

6. Registe os episódios com o método DICA

Anote quando, sobre o quê e em que contexto surgem as perguntas repetidas. Muitas vezes não é aleatório: pode acontecer sempre no final da tarde ou em torno de uma visita. Este registo permite afinar as estratégias e prever situações que geram maior ansiedade.

O mais importante: estas estratégias não são truques. São formas de proteger a relação e reduzir a angústia que o esquecimento provoca. Pequenas mudanças no ambiente e na comunicação podem poupar horas de desgaste.

Um abraço,

Filipa

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