Agosto 19, 2025
Tempo de Leitura: 2 minutos
Hoje vou mostrar-lhe como responder às perguntas repetitivas do seu familiar idoso com demência sem perder a paciência nem a sua sanidade mental.
Este é um comportamento que desgasta muitos familiares cuidadores.
"Que horas são?"
"Já almoçámos?"
"Quando vem a Maria?"
A tendência natural é perder a paciência. "Já lhe disse isso mil vezes."
Mas essa reação só aumenta a ansiedade.
A primeira coisa a fazer é pensar: "Qual a preocupação por trás desta pergunta?", "O que estará a sentir o meu familiar?".
Quando pergunta as horas vezes sem conta, provavelmente não quer apenas saber que horas são.
Está à espera de que algo aconteça entretanto. Entender isto, é a chave.
Aqui ficam 6 estratégias que já implementámos com sucesso junto das famílias com quem trabalhamos:
1 - Valide o sentimento escondido na pergunta
Mais importante do que a resposta literal é mostrar que entende a preocupação. "Compreendo que esteja ansioso por saber a que horas a Maria chega. É normal querer confirmar."
2. Responda sempre como se fosse a primeira vez
A memória recente está afetada. Para si é repetição, para a pessoa é novidade. A sua calma evita frustração dos dois lados.
3. Use pistas visuais para reforçar a informação
Quadros com perguntas e respostas frequentes, relógios grandes ou calendários visíveis reduzem a necessidade de perguntar. Em vez de repetir, aponte: "Veja aqui no quadro, a Maria chega às 15h."
4. Responda e redirecione logo de seguida
Depois de responder, desvie a atenção para algo positivo. "Sim, já almoçámos. Quer ajudar-me a arrumar a mesa agora?"
Se não resultar, mude a via de estímulo: uma fotografia, uma canção ou um objeto com significado.
5. Nunca ignore a pergunta
Não responder ou fingir que não ouviu não resolve. Imagine-se a fazer uma pergunta vezes sem conta sem obter resposta. Como se iria sentir? Para quem vive com demência é igual. Perguntar é sinal de que precisa de saber.
6. Registe os episódios com o método DICA
Anote quando, sobre o quê e em que contexto surgem as perguntas repetidas. Muitas vezes não é aleatório: pode acontecer sempre no final da tarde ou em torno de uma visita. Este registo permite afinar as estratégias e prever situações que geram maior ansiedade.
O mais importante: estas estratégias não são truques. São formas de proteger a relação e reduzir a angústia que o esquecimento provoca. Pequenas mudanças no ambiente e na comunicação podem poupar horas de desgaste.
Um abraço,
Filipa
Filipa da Fonseca Dias - Consultoria de Envelhecimento, Lda - Todas os direitos reservados.